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Teresa Azevedo

Mulher menina prosa e verso

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Textos

O hipotireoidismo, consequências e lutas
Quando me refiro ao hipotireoidismo não falo como especialista no assunto e não tenho nenhuma pretensão que não a de dar meu depoimento como portadora de tal problema de saúde, com o objetivo único de alertar caso algum leitor ou conhecido esteja vivenciando uma situação semelhante.
Voltarei ao período anterior à doença, só para que entendam melhor as mudanças físicas e emocionais. Na gravidez do meu primeiro filho engordei apenas cinco quilos, de tal modo que eu saí do Hospital com a mesma calça tamanho trinta e oito de antes de engravidar, já que tudo que tinha adquirido era barriga. Sempre fui muito magra e permancer assim tão logo nascesse meu primogênito não era surpresa alguma. Então pensava — preocupar-me com o quê? Poderia continuar comendo de forma excessiva como sempre fiz. Regimes e alimentação balanceada me pareciam absolutamente desnecessários. Todos os alertas daqueles que me queriam bem eram, a meu ver, impróprios. Porém, ele deixou o peito e começou a tomar “nanon”, gulosa que sempre fui, virei sua sócia ou melhor, eu era a acionista majoritária, se ele precisava de uma lata de Nanon eu comprava três, pois duas eram minhas para simplesmente comer assistindo TV.
Engravidei do segundo filho, e quando ele nasceu eu já estava um pouco menos magra do que antes, engordando oito quilos, mas não os perdi após seu nascimento, mesmo assim não me parecia absurdo, porém, passei a ganhar peso gradativamente.
Logo percebi que minha agilidade física e mental não era mais a mesma, começando a sentir dores nas articulações e muita indisposição e tristeza, mas como estava passando por situações de estresse, atribuí a isto tais mudanças.
Não era fã de visitas a médicos, pois meu trabalho, estudo e casa me tomavam o tempo e a saúde ficava sempre para depois, mas em uma visita à ginecologista contei o que estava sentindo e ela solicitou alguns exames, quando fui diagnosticada com hipotireoidismo. Como os níveis eram alarmantes, ela iniciou um tratamento imediato e me encaminhou para uma endocrinologista, mas, apesar do tratamento, percebi uma perda da minha capacidade intelectual e foi como se um período da minha vida ativa tivesse sido apagado da memória. Os leitores da minha idade devem se lembrar de que quando uma fita cassete enroscava, o jeito era cortar o pedaço que estava enroscando e colar o restante com durex. Não perdíamos toda a fita, mas uma parte dela deixava de existir, e era assim que minha mente estava, como uma fita cassete remendada e sem um pedaço importante da música, no caso das memórias ou lembranças... Apesar de um pouco aborrecida, não me desesperei, pois era jovem e muito havia pela frente. Ledo engano, pois aquilo era sério e eu não levaria muito tempo para ter consciência disso. Os anos passam e pesam sobre nós, mas eu tentava policiar a minha vontade de comer, fazendo um regime que de nada adiantava. Somado ao fato da perda de memória, dores e a gordura corporal, eu sentia muito sono, que com o tempo foram amenizadas pelo uso regular de medicação, mas nunca mais desapareceram.
Doces, lanches e muitos pães eram “minha dieta ideal”, uma verdadeira tentação. O pior é que mesmo sabendo disto, mesmo tendo uma dieta mais regulada com muitas frutas e verduras, com pouca fritura, lanches, refrigerantes e sucos artificiais, amando arroz e pão integral, ainda não consigo ficar sem doce um só dia e se compro pão francês ou caseiro não resisto e como logo dois ou três.
Tenho lutado muito para mudar meus hábitos não só alimentares, abandonar o sedentarismo, mas nos trinta anos que convivo com a doença é uma luta da qual não saí vencedora, intelectualmente procuro recobrar minhas memórias e reaprender o que se perdeu, ativando o cérebro de muitas maneiras, mas as sequelas ainda me incomodam, especialmente meu sobrepeso.
Os especialistas dizem que não existe causa ou cura para a doença, então vou acompanhando e controlando as consequências através de consultas regulares ao endocrinologista e uso de medicação, além de lidar com minhas limitações sem revolta buscando superá-las a cada dia.
Teresa Azevedo
Enviado por Teresa Azevedo em 06/08/2009
Alterado em 04/06/2020
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